domingos em nós, de Beatriz Bajo
prefácio da autora
o livro é uma tentativa de resgatar sóis, reacender estrelas que estão sendo opaciadas no fazimento da geleia real cotidiana. os apagamentos causados pelo sistema educacional brasileiro são um assassinato como qualquer outro e provocam máculas pra toda vida.
por isso, resolvi rasgar verbos nos versos vomitados de ira contra o processo falido da educação mascada tantas vezes em minhas experiências em sala de aula; mas abri os botões dos motivos concernentes aos aprendizados, e bordei no livro as peregrinações do ser por e para dentro de si; um caminho para a ascensão da luz interior através dos encontros com os autodidatas.
também pensando no devir, conceito surgido desde Heráclito - o filósofo discorre que a única coisa imutável na realidade é a mudança, asseverando: “Tu não podes descer duas vezes no mesmo rio, porque novas águas correm sempre sobre ti” - e retomado por Nietzsche em “torna-te quem tu és”, o livro fotografou cenas cujo tema é aprendizado e caminho para o vir a ser.
para se aprender, são necessários infância (mesmo que seja a de dentro) e asas. neste sentido, a palavra costura e cria mundos; logo, criança aqui é seiva aos versos e a chave mestra da vida e de todas as instituições falidas. só o olhar atento às singelezas pode salvar-nos do mundo sombrio.
este trabalho revela imagens a um diário ontológico impreciso, em que não há domingos.
Beatriz Bajo
Postar um comentário
0 Comentários